O novo início

Esta é a minha terceira semana em Londres.
O que dizer?
Cheguei dia 20 de Abril. Um sol enorme recebeu-me de "raios" abertos. LoL. Amigos mimaram-me durante a primeira semana e fizeram-se sentir como se ainda não tivesse largado Portugal. Por entre burocracias a tratar (National Insurance Number, bank account, phone number... e blá blá wiskas saquetas) houveram saídas, copos e algumas loucuras saudáveis. O dia da minha chegada ficou marcado por lágrimas às 7h, sorrisos às 13h e alegria alcoólica às 23h, numa qualquer house party em Londres com gente do Mundo. Foi dos dias mais estranho que já tive... Mas no fundo foi bom. O sentimento de sair do país só com o bilhete de ida não tem palavras. Entre incertezas e medos, lágrimas e adrenalina.... É algo que não se explica. Sente-se.
Na primeira semana consegui tirar a barriga de misérias e quase todos os dias foram de festa e borga. Não sentia que o dia de começar a trabalhar se estava a aproximar. Mas chegou.
E foi o início de uma semana.... Horrível. Perfeitamente horrível e assustador. No dia em que cheguei ao hospital e efectivamente fui confrontada com um mundo em inglês - não, nem falo das rotinas e dos doentes, porque isso é igual em todo o lado, aqui ou na China. Falo tão somente do inglês. Sentia-me muda. Quando me diziam que não adiantava tirar 1001 cursos, porque quando aqui chegasse ia ver que não percebia rigorosamente nada, eu não acreditava. Mas sim. A minha filosofia nessa primeira semana foi baseada no "Madagáscar": Sorrir e acenar. Sorrir e acenar. A minha recepção aqui não foi tão calorosa como eu estava à espera (talvez tenha elevado demasiado a fasquia). Durante os primeiros turnos a dor de cabeça era uma constante. Pensar com enfermeira. Portuguesa. Traduzir para inglês ou tentar pensar em inglês. Ouvir inglês. Tentar perceber. Responder em inglês. Descobrir palavras. Jiiiiiiiiiz.... Juro que não é nada fácil. Ao fim de alguns dias começa a surgir tudo naturalmente, mas nos primeiros tempos é o verdadeiro pesadelo. Coisas simples o rotineiras, praticamente iguais ao que fazia em Portugal, aqui eram o mais bicho papão. Cheguei a pensar desistir.  Chorei. Várias vezes. Pensei no que de bom tinha em Portugal. Queria voltar. Sim, queria voltar ao fim de alguns dias. Talvez porque tenha ido do muito bom (festas, companhias e afins) para o muito mau (quarto de residência, sozinha, zona desconhecida). Quem me recebeu no hospital chegou a dizer-me, a meio do dia: "Oh my God... You seem completely lost"... Ao que eu respondi "I don't seem completely lost. I'm actually completely lost" (imaginem isto com um ar desgraçadamente perdido. Lol)
Mas como eu não sou rapariga de derrotas (LoL) pensei algo como "Ou mato ou morro". E, depois do primeiro fim de semana em casa, de começar a estabelecer rotinas, de comprar os meus tachos (sim, eu estive uma semana sem ter tachos, pratos, talheres ou qualquer outra coisa que as pessoas normais têm nas cozinhas. Foi só mais uma coisa para ajudar ao pesadelo), as minhas coisas de Portugal chegaram atrasadas e em caixas quase desfeitas com roupa a sair pelos rasgos (obrigadinha Chronopost -.-').... Mas tirando isso e mais umas 125 aventuras, as coisas foram melhorando. E agora noto que de dia para dia ficam mais fáceis.
Entretanto, estou na terceira semana e já não sou mais supranumerária. Agora sou (quase) tão enfermeira como qualquer um dos meus colegas. Assumo doentes e de dia para dia torno-me mais independente. Começo a entrar nas rotinas e tudo começa a parecer mais fácil. Felizmente!

Bem... Já chega de relatório. Em breve há mais!

Kiss, kiss.
Bang bang!
:)

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